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terça-feira, 22 de abril de 2014

Definição

Nome da Equipe: Três Calango e Uma Raposa
Membros da Equipe: Bruno Gonzaga (turma 01), Giulia Gabriela da Silva Cavalcante (turma 01), Pedro Ítalo da Costa Pinto (turma 02) e Taynara Penha Menezes (turma 02).

A partir do conto de fadas elaborado por nós foi estabelecido as definições iniciais. Para melhor compreensão, leia o conto completo:

                                          Serafina e o Circo Meraki

E eis que num tempo já não tão recente, um circo adentrava as terras de Maranguape. Terras que eram divididas entre poucas famílias, dentre elas a do Coronel Teodorico, famoso fazendeiro da região, dono de duas mil cabeças de gado, morador de uma enorme e bela casa no topo da serra. O circo, de estupenda formosura, anunciava atrações fantásticas, tais como o homem capaz de saltar de 10 metros de altura em uma tigela de água e uma mulher que podia pôr a sola pés no topo da própria cabeça. A filha de Teodorico, a pequena Serafina, ficara encantada com as maravilhas que aquele lugar podia apresentar e saindo do parapeito da janela, onde passava boa parte da sua tarde foi tentar convencer o pai para ir ao circo.
                -Não! – dizia ele automaticamente a tudo que sua filha propunha. A mãe que passava ali havia ouvido o pedido e então se juntou a filha. –Não! – Repetia o Coronel, que aparentemente não havia nem ouvido do que se tratava. A mãe dele, que por ali passava, havia ouvido o pedido de Serafina, e graças ao seu apego à pequena neta interveio. – Não! – Respondeu Teodorico, quando viu que alguém se aproximava.
                -Sim! – Respondeu a mãe de Teodorico, que deu as costas e foi convocar toda a família para irem à noite ao fabuloso circo Meraki. Teodorico, pasmo, pediu à filha que lhe contasse o conteúdo da pergunta e assim ficou sabendo que logo mais iria ao circo.
                Fora uma maravilhosa noite no circo, onde a família de Teodorico ocupava as duas filas dianteiras, com cerca de 40 lugares cada uma. Serafina, apesar de estar acompanhada de quase todos os seus irmãos, primos, tios e avós, dos que moravam em Maranguape e em regiões próximas, sentia como se fosse a única pessoa na plateia. Pôde ver e sentir toda a mágica do espetáculo. Queria aquela mágica pra si. Queria senti-la fluindo pelo seu corpo. Mas ao fim do espetáculo, a mágica havia acabado. Havia ficado dentro do picadeiro.
                Noite após noite, Serafina sonhava com aquele espetáculo. Noite a pós noite o espetáculo ficava cada vez mais grandioso e atraente. E de noite em noite, de dia em dia, Serafina havia se tornado moça, na idade e na formosura. Vendo isso seu pai tratou de prometê-laa um herdeiro de muitas posses, mas Serafina não gostava da ideia. Pôs-se a reclamar seu direito de escolher como queria seguir a vida. –Não! – Respondia o pai, que parecia não ouvir o que a filha pedia. Serafina, não se dando por vencida, foi recorrer à mãe, que entendia sua angústia. –Não! – Voltava a responder Teodorico. A sua avó, que tanto tinha apego a ela, já não era viva, e não podia intervir.
                Serafina passou por muitos dias tristes desde que seu pai a havia arranjado a um desconhecido. Suas irmãs e primas comentavam como ela tinha sorte por nascer na grandiosa fazenda que nascera e por se casar com um rapaz que a levaria pra outra vida de riquezas. Serafina não pensava assim. Mas também não conseguia ver como faria pra escapar desse infortúnio destino.
                Certo dia, o Coronel Teodorico dirigira as seguintes palavras à Serafina:
                - Amanhã à noite seu futuro marido virá conhecê-la. Trate de se preparar. Amanhã eu a quero fazendo muito gosto aos olhos. Será um grande jantar. – E ouvindo isso, foi deitar-se. Ainda era dia, mas não havia mais motivo pra continuar acordada. Seu futuro era certo, não tinha mais a quem recorrer e não via motivos pra se lamentar. A tristeza em si já bastava. Foi quando dormiu sem se perceber.
                Era uma madrugada escura e silenciosa quando uma luz invadira o ambiente. Serafina acordara atordoada. Seus olhos abriam-se devagar. Aos poucos ia vendo uma silhueta feminina bem pequena.
                -Olá, menina. – Disse a luz. –Será que você poderia me dar um copo de água?
                Serafina levantou-se de um salto da cama e correu pra fora do quarto. Era uma mulherzinha pequenina voando janela adentro. Olhou para dentro e via que ela continuava lá. Foi até a cozinha e trouxe consigo um copo de água. Entrou muito devagar no quarto e deixou o copo numa mesinha perto da pequenina, que foi até lá e bebeu muito pouco da água fazendo concha com as duas mãos.
                -Muito obrigada, você é muito gentil. – Agradeceu curvando seu delicado corpo. – Viajei por muito tempo e estou bastante cansada. Eu venho com a minha trupe. Mas sempre venho na frente pra procurar um bom lugar pra ficarmos. Aqui não será difícil. Já estivemos aqui antes.
                -Quem é você? – Não resistiu em perguntar, Serafina.
                -Oh, perdão, sou muito desajeitada! Chamo-me Lurdes, sou a fada domadora de pulgas e assistente de mágico. Venho do fabuloso Circo Meraki.
                -O circo! – Bradou com entusiasmo a menina.
                -Sim, o circo! – Respondeu com a mesma satisfação. –Estamos chegando amanhã, e amanhã à noite nos apresentamos. Venha nos ver! – Serafina não conseguia responder, porque sabia que seu pai não deixaria, ainda mais sendo a noite que conheceria seu pretendente. – Bom, agora tenho que ir. Devo encontrar o melhor lugar pra ficarmos. Tenha uma boa noite, menina bondosa. – E dizendo isso jogou uma poeirinha brilhante sobre a cabeça de Serafina, que não se lembra de mais nada. Só de acordar-se ainda atordoada no dia seguinte.
                O teto parecia mais cintilante, pensou Serafina ao abrir os olhos.
                - A fada! – sussurrou nervosa com a sua vozinha fraca.
                Olhou pros lados e se viu só no seu quarto pela manhã. Olhou pra mesinha onde havia colocado o copo. Ele não estava mais lá. Entristeceu-se. Havia sido apenas um sonho. É muito bom ter esperança, pensou amelancólica menina.
                Um sonzinho fraco era ouvido em meio ao canto dos passarinhos naquela manhã. Serafina pensava no circo. Como seria bom estar lá. Como seria bom conhecer a magia. Como seria bom a sua liberdade. Podia acreditar com tanta força que quase ouvia a nostálgica música da sua infância.
                - Mas... – Serafina correu pra janela do seu quarto, onde ouviu a música mais intensa. Guiada pelos seus ouvidos olhou pro horizonte da estrada. A banda surgira. – É o Circo!
                - Senhoras e senhores moradores do Maranguape. – dizia claramente uma voz masculina gritada de um megafone. – Ouçam com bastante atenção. É chegado na sua cidade o fabuloso circo Meraki! Atrações estupendas estarão esperando público nesta noite!
                Uma chama acendeu a felicidade no peito de Serafina, que corria pela casa a procura dos seus pais.
                - Papai!
                - Não!
                - Mas é o Circo!
                - Não importa. Seu noivo virá hoje. Você não pode fazer nada.
                Essas palavras fizeram Serafina parar. E ali ficou, estática e com o olhar vago, até que sua mãe passou por ela e a mandou se vestir para receber seu pretendente. Já era noite e Serafina não tinha percebido. Correu para o quarto com os olhos cheios de água. Na cama havia um belíssimo vestido. Decorado com pequenas lantejoulas vermelhas. Parecia o vestido da equilibrista, que andava na corda bamba segurando duas porquinhas rosas que sorriam em seus braços.
                - É isso! – disse a si mesma, Serafina, que abriu a janela e olhou pro horizonte, onde podia ver ao longe as luzes do circo. E vendo sua esperança luzir no meio da noite, vestiu-se de equilibrista e pulou a janela, descendo pelas vinhas até o chão firme. Correu até a cerca, que pulou com a facilidade da criança que voltara a ser.
                Serafina seguiu a estrada até chegar a uma bifurcação. De um lado, a estrada continuava, de outro havia uma mata fechada, escura e sombria. A estrada, apesar de mais demorada parecia muito mais atraente.
                -Serafina? – Ouviu uma voz distante às suas costas. Alguém a havia visto fugindo. Olhou pra trás e viu dois dos empregados de seu pai montados em cavalos. Não quis saber de ver pra onde eles seguiam e correu pra mata. A descida da serra era mais íngreme pela mata. Serafina não conseguia enxergar muito bem.
                Serafina descia e descia a serra com medo de ser pega. Quanto mais corria mais tinha medo. As vozes foram ficando mais próximas. Serafina agoniou-se. Passou a correr mais rápido. Pedaços de raízes quebravam em suas canelas e de galhos em seus braços. Cansou-se. Parou pra respirar e no reflexo olhou pra trás. Estava a dez passos da estrada. Assustou-se. Como podia? Estava correndo há mais de dez minutos!
                - Parece perdida, menina. - novamente ela se assustou. Virou-se e não viu nada. – Aqui, menina. – repetiu a voz. Serafina olhou com mais atenção e viu uma pequena aranha branca. Vendo isso permaneceu imóvel. – Não se assuste, menina. Eu estava esperando você parar. Você pegou o caminho errado, sabia?
                - Não. – respondeu timidamente.
                - Passe aqui por baixo da minha teia. O caminho que você estava tomando é um caminho fechado. Você não vai conseguir entrar na mata por aí. – Serafina continuou parada. – Não tenha medo de mim só porque eu sou uma aranha. Veja o meu tamanho. Eu não posso fazer nada com você.
                Serafina foi se aproximando a passos curtos e agradeceu ao passar por baixo da teia da aranha branca. Olhando para trás viu que estava finalmente se distanciando da beira da estrada, e por tomar confiança virou o rosto para a aranha e perguntou:
                - Diga-me, dona aranha, como eu faço pra chegar ao circo?
                - Ora, menina, siga a estrada das pedras redondas que começa ali, entre as raízes das goiabeiras. Siga apenas as pedras. Não desvie o caminho.
                - Grata. – sorriu a menina que virou-se e seguiu o caminho de acordo com a indicação da aranha.
                Serafina logo achou as placas redondas de pedra no chão formando um caminho, o qual seguiu como a aranha indicara. Caminhando cada vez mais a fundo na mata, à noite, Serafina foi perdendo a visão das coisas mais distantes. A lua estava coberta pela copa das árvores e a estrada estava cada vez mais coberta por folhas e galhos. Mal podia tatear com os pés. Até que pôde ver uma luz. “É o circo!” pensou. Mas a estrada parecia ir para outra direção na descida da serra. “A aranha não deve ter tão vindo tão longe, não deve conhecer esse desvio”. E resolveu seguir a luz, que dava cada vez mais visão pros seus pequenos olhos negros. A felicidade foi maior quando ela viu que se aproximada de uma clareira. “Só pode ser o fim da mata”, pensou. E ao se aproximar se deparou com uma casinha de madeira de onde irradiava a luz. Decepcionou-se por um instante por ainda estar cercada de árvores. Resolveu entrar e perguntar a alguém o caminho para o circo. Com passinhos suaves chegou à porta da casa e bateu.
                - Pois não? – Do oco da casa ecoava uma voz idosa.
                - Será que a senhora poderia me dizer onde fica o circo?
                - Mas é claro! Entre! – A voz parecia estranhamente familiar.
                - Mas eu estou apressada. – recusou Serafina.
                - Me desculpe, mas eu não posso ir aí fora. Por favor, venha até mim.
                E Serafina se aproximou mais e puxou o ferrolho enferrujado da parte de baixo da porta e entrou. Seus passos suaves faziam um barulhinho seco no chão de madeira. Sentiu um calorzinho leve e confortável vindo do interior da casa.
                - Por aqui, querida.
                Serafina olhava cuidadosamente pro interior de cada cômodo da casa, que parecia bem menor vista de fora.  De frente pra uma janela havia um corredor. E no fim desse ela viu uma senhora sentada numa cadeira de balanço. Sua visão parecia embaçada. À medida que ela ia se aproximando, a sua visão ia tomando foco, até reconhecer a senhora que estava sentada.
                -Vovó?
                - Minha pequena! – e abriu os braços.
                A menina, que sentia agora mais forte o calor morno da casa, aproximou-se cerrando os olhos.
                - Mas eu não posso ficar, vovó.
                - Por que, minha neta?
                Serafina pesou e pensou, mas estava com muito sono e sentou-se no colo da mulher.
                - Eu não sei. – E sentiu-se muito confortável ali.
                - Durma, minha pequena, durma.
                Serafina passou os braços pela cintura da avó e de olhos fechados já respirava profundamente.
                - Agora eu vou lhe contar uma história. – Anunciou a distinta senhora. – Era uma vez uma menina que se perdeu na floresta. – e foi envolvendo o pequeno corpo de Serafina com as mãos enrugadas – Ela passeou pela estrada segura indicada por uma aranha enxerida. - Um sorriso malicioso foi tomando conta do seu velho rosto. – Até que uma luz a guiou para um caminho diferente, fazendo-a sair das pedras redondas. – Seus dedos iam deslizando pelas costas de Serafina em direção à nuca – E numa casa ela encontrou sua avozinha querida, que repousava inerte nos seus sonhos mais confortáveis. – e com as longas unhas tirou o cabelo de Serafina do entorno do seu pescoço. – E agora ela vai poder viver pra sempre com ela, a quem ama tanto. – Os braços de serafina foram relaxando. E da cintura da senhora, caíram no acento da cadeira, onde sentiu longos pelos fazendo cócegas no seu pulso.
                - Espere! –Serafina levantou-se de um salto. – quem é você?
                - A sua avó, oras. – falou calmamente aquela senhora.
                - Então diga meu nome. – bradou Serafina.
                - Sente-se aqui, pequena. – investiu com mais força na voz. – Não seja teimosa!
                - Não. – gritou mais alto, a menina, que virou-se pra ir embora.
                A casa foi ficando escura por dentro e um frio ia dando lugar ao calor que tomava conta do ambiente. Serafina correu pelo corredor em direção à janela, e ao olhar pra trás viu que a sua avó se locomovia com as duas mãos no chão. A figura da doce senhora ia tomando forma de raposa. Serafina amedrontada corria com toda a força pelo corredor que não tinha fim. O bicho grunhia atrás dela. Serafina, desesperada, deu um salto, que de tão forte a arremessou por dentro da janela. A menina veio ao chão e rolou na descida da serra. Rolou e rolou com velocidade. Serafina via o céu e o chão tantas vezes que mal podia pensar em algo que não fosse a sua aflição. Parou.
                Serafina abriu os olhos. Estava deitada de costas pro chão firme. Tateou com as mãos e encontrou uma fina camada de terra. Esbarrou em algo.
                - Obrigada, menina gentil. – A menina sentou-se e viu a fada e atrás dela, o picadeiro visto de trás. – Trouxe o seu copo pra vir bebendo água pelo caminho. – Serafina olhou e viu um dos copos da cozinha da sua casa próximo à sua mão esquerda. – Venha assistir o nosso espetáculo. – Convidou a fadinha.
                - Me deixe entrar no circo! – Clamou Serafina, que recebeu um largo sorriso como resposta. – Eu quero conhecer a mágica!
                A pequenina circense voltou-se pra Serafina pousou em seus joelhos:
                - Mas que talento você tem?
                - Eu... eu não sei. Mas me dê uma chance, eu posso aprender qualquer coisa.
                - No momento eu acho que não estamos precisando de nada.
                Serafina entristeceu-se. Não podia crer que havia passado por tudo aquilo e ter de voltar pra sua realidade. Não podia crer que iria casar como um desconhecido e viver sabe-se lá onde e como.
                - Mas me diga, mocinha. Quem trouxe você aqui? – Perguntou com a vozinha aguda, Lurdes, a fada.
                - Eu vim só. – Respondeu Serafina com voz quase tão aguda.
                - Sozinha? Mas é muito longe da sua casa! A estrada dá muitas voltas serra abaixo.
                - Eu vim pela floresta.
                - Pela floresta? Porque não disse logo que era acrobata? Devia ter percebido pela roupa!
                - Mas eu não sou.
                - Mas tem talento. – E dizendo isso bateu suas asinhas finas e puxando o dedo indicador de Serafina conduziu ela até o interior do picadeiro, onde começaria uma nova fase da sua vida.

Título: A fuga de Serafina
Fases: 2 (3 se o tempo permitir)
Público alvo: Jovens e adultos ("órfãos" da geração anos 90)
Personagem original feminino: Serafina
Cenário: Sertão nordestino
Enredo: Serafina, filha de Teodorico, fazendeiro de Maranguape, se cansa da sua medíocre vida de luxo e foge pra seguir o seu sonho de virar artista do fabuloso Circo Meraki.
Atores: Serafina, Lourdes (fada), Teodorico, capanga, cachorro, cangaceiro, preá, cururu, ganso, capote, galinha, porco, urubu, raposa.
Mecânicas: andar, pular, correr, stomp (pular nos bichos), pulo duplo e escalar.




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